prece e terror

do santuário que sou,
elevo uma prece, uma súplica, um grito.
porque sou louvor,
sou brisa, sou vento, sou tempestade.
não são frases, nem palavras,
mas sangue e flor.
faço-me caminho,
no recuo e no avanço,
feito coragem, vestido covardia, tremendo medo.
além do infinito, ó mistério insondável,
não compreendo o tocável, o visto e o medido.
contradição e coerência; pacifista, sanguinário.
emociono-me na flor, pisoteio formiga.
sou, assim sou, e não sou!
porteira de chegada, a mesma da partida
e caminho da volta é o mesmo do retorno.
ousadia e saudade,
sou pedra, rocha e tropeço,
sou água, vida e morte.
sou o que sou,
e o além que nego ser.