diga-me.
quando foi que cruzastes o rio
e me deixastes, despercebido,
continuar a remar para o vazio?
eis-me, agora, instante decisivo,
avistando logo, logo,
o franjear do abismo.
foi descuido meu
ou destino do tempo
que apartamos um do outro
foi mesmo necessário navegar solitário?
se é que possível é,
depois de tantos segredos e sonhos,
partilhada alma,
mesmo que em dista oposta,
ser errante só no buscar estrelas...
não, não remo sozinho,
ainda que somente eu,
desguarnecido do ombro e mãos,
sempre vais comigo.